É consenso entre grande parte dos cirurgiões-dentistas que a saúde bucal tem um papel crucial na saúde geral das pessoas. Porém, nem sempre é possível alcançar o melhor resultado apenas por meio da atuação de um profissional. Também é importante considerar um tratamento multiprofissional para garantir a saúde bucal e a saúde geral aos pacientes.
Vale ressaltar, portanto, que um tratamento multiprofissional envolve a colaboração de diversos profissionais de saúde. Incluindo cirurgiões-dentistas, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, entre outros. Essa forma de abordagem permite que o paciente seja tratado de maneira integral. Considerando não apenas a saúde bucal, mas também a saúde física do corpo e a saúde mental.
O paciente que sofre de apneia do sono, por exemplo, precisa de um tratamento adequado que envolva a colaboração de um cirurgião-dentista, um médico, um fisioterapeuta ou enfermeiros especializados. O tratamento vai de uma simples placa de avanço até a cirurgia ortognática com avanço mandibular/maxilar ou ambos. O cirurgião-dentista pode realizar um exame bucal para identificar se há uma relação entre a apneia do sono e o posicionamento da mandíbula e, em seguida, indicar um dispositivo para ajudar a manter a via aérea aberta durante o sono. Já o médico – otorrinolaringologista, pneumologista ou neurologista – pode prescrever um tratamento adicional, como mudanças no estilo de vida para melhorar a condição do paciente.
Outro exemplo é quando um paciente sofre de bruxismo. O ortodontista ou bucomaxilo pode realizar um exame e prescrever uma placa de bruxismo para proteger os dentes do paciente do desgaste excessivo. Enquanto isso, um fisioterapeuta pode ser necessário para ajudar a tratar a tensão muscular que pode estar causando o bruxismo. E o tratamento multiprofissional pode ir além. Um psicólogo, neste caso, pode ajudar a tratar os fatores emocionais que podem estar contribuindo para esse transtorno.
Segundo uma matéria publicada no site da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), aproximadamente 40% das pessoas sofrem desse distúrbio no Brasil. As causas do problema não são bem definidas, mas geralmente estão relacionadas a fatores psicológicos, ansiedade e estresse.
O papel do cirurgião-dentista também pode ser relevante para pacientes internados em hospitais. Afinal, garantir a saúde e o conforto de uma pessoa hospitalizada (em UTI, por exemplo) não depende apenas da atuação de médicos e enfermeiros. Integrar cirurgiões-dentistas ao tratamento do paciente possibilita ao profissional fazer o diagnóstico de problemas já existentes, os tratamentos necessários e a higiene diária.
“A pneumonia associada à ventilação é a segunda maior causa de infecção dos hospitais. E o maior foco é a placa bacteriana. Se o paciente não for higienizado na UTI, a placa vai aumentando ao longo do tempo de internação e as bactérias ficam mais resistentes”, explicou uma profissional responsável pelo setor de odontologia da rede estadual de saúde (veja matéria do CFO).
Tratamento multiprofissional também fortalece prevenção
Ao trabalhar em conjunto com outros profissionais de saúde, cirurgiões-dentistas podem fornecer a seus pacientes um tratamento completo que leva em conta todas as suas necessidades de saúde, o que leva a um melhor resultado e satisfação das pessoas.
E o resultado pode vir antes dos problemas aparecerem. Afinal, um tratamento multiprofissional também pode ajudar a prevenir problemas de saúde bucal e geral.
Um cirurgião-dentista pode identificar uma lesão na boca que pode estar relacionada ao câncer de cabeça e pescoço. Ao trabalhar com um médico, é possível encaminhar o paciente para um diagnóstico e tratamento precoce, aumentando as chances de um resultado positivo.
Portanto, é sempre bom ter no radar a possibilidade de uma abordagem mais abrangente e completa. A colaboração entre profissionais de diversas áreas pode ser uma solução eficaz para manter a saúde bucal e geral dos pacientes.